sexta-feira, 1 de junho de 2012

I Fórum Social Local do IECEM

I FÓRUM SOCIAL LOCAL DO IECEM

MINA DE SÃO FÉLIX DO AMIANTO: HOMEM E NATUREZA DILACERADOS


Aconteceu em 17 de maio de 2012, o I Fórum Social Local sob o tema `` Mina de São Félix do Amianto: homem  e natureza dilacerados``, no salão da Câmara de Vereadores de Poções a partir das 19 hs.
O evento organizado pelos estudantes do 3º ano do IECEM  foi fruto do projeto homônimo orientado pelos professores: Augusto, Cleide Jane, Daniela, Francisco e Zenilda durante a II Unidade. Na verdade o Fórum foi a culminância de uma série de atividades que envolveu muita pesquisa, aulas de campo, entrevistas e  seminários  Tinha por objetivos: sensibilizar , envolver estudantes a descobrir e conhecer o sério problema do amianto na região, informar a comunidade, provocar discussões, organizar o fórum e produzir a carta aberta para a Rio +20, Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável a realizar-se em 2012, na cidade do Rio de Janeiro.
A mesa de discussão contou com Jânio Oliveira Rocha, Diretor do IECEM, professor e ambientalista, amigo colaborador dos ex-trabalhadores da Mina; Esmeraldo Teixeira, membro representante da ABEA ( Associação Bahiana dos Expostos ao Amianto), Taluana Lúcia Leão Magalhães, representante do Centro de Referência à Saúde dos Trabalhadores (CEREST),  Professor Francisco José Barbosa de Almeida, agrônomo, biólogo , representando o grupo de professores orientadores do Projeto e a estudante Ana Clara Cunha Soares Silva, representando todos os alunos do 3º ano do Ensino Médio do IECEM.
A programação contou com a apresentação do seminário cuidadosamente preparado pelos alunos e que foi a abertura para as falas posteriores da mesa do Fórum. Os estudantes afiadíssimos desfilaram informações precisas, muito bem pesquisadas, documentadas e com efeitos visuais que a plateia aplaudiu com muito fervor.
A partir da apresentação do seminário a mesa receptora utilizando o tempo adequado discursou a respeito do tema. O Prof. Jânio Rocha fez um histórico da luta do amianto a partir de 2001 e tudo o que já tem sido feito até então. A Srta. Taluana apresentou-se como a enfermeira especializada no assunto e mostrando através de imagens as doenças causadas pela inalação e manuseio com a fibra cancerígena. O Sr. Esmeraldo utilizando os slides mostrou imagens chocantes das doenças causadas pelo amianto e passou sua experiência pessoal em lidar com a problemática. O Prof. Chico explicou como desenrolou o Projeto, agradecendo os estudantes por terem se envolvido bastante com a causa, buscando informações preciosas que foram oferecidas aos presentes. A aluna Ana Clara discursou em nome da turma, explicando como foi feito o trabalho e disponibilizando ações sociais que pudessem contribuir com o assunto.
            Ao finalizar o evento foi lida pela aluna Stephanie a Carta- Aberta (vide anexo) endereçada a Rio+20 -  Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável a se realizar no próximo mês.
            A plateia concordou com a Carta e o evento foi encerrado.
            A programação não foi muito extensa, mas o suficiente para que todos se envolvessem e apreciassem o que estava sendo exposto. Com certeza teremos muitos multiplicadores da informação que um dia poderão auxiliar a melhorar a situação deixada por anos anteriores e que tem causado problemas ambientais e sociais tremendos.
            No finalzinho de tudo o IECEM recebeu o convite para reapresentar o Fórum na cidade de Bom Jesus da Serra na semana seguinte.
            Está dado o pontapé inicial para o início de muitas das providências a serem tomadas daqui para frente.
            Afinal, homem e natureza dilacerados conseguiu chamar a atenção de muita gente.
Por Ângela Rocha

Confira aqui a carta aberta enviada para a Rio+ 20, elaborada pelos alunos do 3º Ano do IECEM durante as aulas de Redação:

Carta aberta aos Organizadores da Rio + 20: Conferência das Nações Unidas Sobre o Desenvolvimento Sustentável


Mina de São Félix do Amianto: homem e natureza dilacerados

            Utilizado em diversos ramos da indústria, o amianto ou asbesto (latim e inglês respectivamente) é extraído de rochas metamórficas. Dentre os dois grupos principais do amianto o mais importante comercialmente é a crisotila. No início do século XX, até a década de 30, o Brasil ainda importava o amianto, mas a partir de  1937, A SAMA (S.A. Mineração de amianto) pertencente ao Grupo Saint Gobain ,dá início ao processo de exploração deste minério no Brasil.
Instalada na década de 30 e explorada até o fim da década de 60, a mina de São Félix do Amianto em Bom Jesus da Serra- BA provocou inúmeros impactos ao meio ambiente e devido às constantes escavações, formou-se uma cratera de 1 km de extensão e mais de 200 metros de profundidade, que por ventura chegou ao lençol freático e entrou em contato com a água potável. Além disso, a devastação do local desencadeou distintas mudanças nas feições paisagísticas em larga escala.
Outro agravante é referente aos danos causados à saúde dos ex-trabalhadores da mina e moradores da região, sendo que os mesmos foram expostos por um longo período de tempo ao pó do amianto. Esse mineral é constituído por fibras microscópicas que suspensos no ar percorrem longas distâncias e quando inaladas, a longo prazo  acarretam fibrose pulmonar ou asbestose, câncer pulmonar e mesatolioma.
            A partir de uma visita à mina de São Félix do Amianto situada hoje no município de Bom Jesus da Serra – BA, os estudantes do 3º Ano (Ensino Médio) do Instituto Educacional Cecília Meireles – IECEM no município de Poções - BA,  puderam observar, in loco, a situação precária que se encontra a região.
Com o fim da exploração na Mina de São Félix, a empresa SAMA mudou-se para a mina de Canabrava no estado de Goiás deixando pra trás um rastro de degradação ambiental ( cerca de 700 hectares) bem como  vários ex-operários, inúmeras famílias desamparadas e com a saúde afetada. Observa-se que a empresa, mesmo tendo ciência da gravidade do problema, não tomou para si as responsabilidades que lhe eram devidas: a reconstrução do ambiente degradado e o devido amparo as  família dos ex-trabalhadores afetadas pelo pó do amianto.
Diante desse panorama, vimos por meio desta alertar a população acerca das várias problemáticas relacionadas ao amianto, destacando a falta de responsabilidade socioambiental por parte da empresa mineradora (SAMA, do Grupo Saint Gobain) e exigir que a mesma tome as devidas providências no sentido de fazer a recomposição ambiental de toda a área, bem como assumir a responsabilidade com todos os ex-trabalhadores e pessoas da comunidade que foram e estão sendo afetadas pela fibra..
Não podemos nos calar diante de um problema que coloca em risco a vida dos mais variados ecossistemas. Desta forma, faz-se necessário a imediata resolução deste problema, para que as próximas gerações não continuem sofrendo com a chamada “fibra maligna”.
Poções, 17 de maio de 2012
I Fórum Social Local
“Mina de São Félix do Amianto: homem e natureza dilacerados”:



































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